Limitação para análise de dado é mais um episódio de Censo complexo
Redução de orçamento e atrasos marcam o Censo Demográfico 2022, resultando na limitação da análise de rendimentos da população. Dados sobre a renda domiciliar per capita e indicadores sociais não poderão ser produzidos a partir do questionário básico, levantando preocupações sobre a representatividade da pesquisa.
IBGE anunciou que não será possível analisar o rendimento da população no Censo Demográfico 2022 devido a redução de perguntas no questionário básico.
As dificuldades começaram já em 2019, quando o orçamento do Censo foi cortado em 27%, para R$ 2,3 bilhões, sob pressão do governo federal. O Censo foi adiado por dois anos, sendo realizado apenas em 2022, após determinação do STF.
A coleta de dados, iniciada em agosto de 2022, durou oito meses, quase três vezes o tempo tradicional. Houve reclamações de recenseadores sobre pagamentos atrasados.
No final de janeiro de 2023, os dados começaram a ser divulgados, mas ainda restam informações a serem publicadas até 2025. O ex-presidente do IBGE, Roberto Olinto, destacou o orçamento insuficiente e os riscos da simplificação dos questionários.
O Censo 2022 utiliza dois tipos de questionários: básico e completo. O questionário básico investigou apenas a renda do responsável pelo domicílio, dificultando o cálculo de indicadores como rendimento domiciliar per capita.
O IBGE reconheceu que a redução nas perguntas sobre renda implicou restrições para análises sociais. Dessa forma, não será possível calcular indicadores como o Índice de Gini e linhas de pobreza.
O demógrafo Ricardo Ojima afirmou que as dificuldades já eram esperadas e ressaltou a importância de dados mais completos para entender a diversidade da população brasileira. Apesar das limitações, ele acredita que a análise pela amostra da população será possível.
O IBGE enfatizou a transparência em seu comunicado, indicando que a coleta de dados, mesmo com limitações, ainda fornece informações relevantes.