Lula vai à Rússia para participar de desfile que Putin usa como propaganda
A visita de Lula a Moscou ocorre em um contexto de tensões globais, onde a presença do Brasil nas celebrações do Dia da Vitória pode impactar suas relações com a União Europeia. Analistas destacam que a aproximação com Putin traz riscos à imagem do país e ao futuro do acordo comercial com o bloco.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Moscou nesta quarta-feira, 8, para a celebração do Dia da Vitória, marcando a vitória soviética sobre a Alemanha nazista. Sua presença simboliza uma aproximação com o presidente russo Vladimir Putin.
Historicamente, Putin usa essa data para fomentar o nacionalismo russo. Com a guerra na Ucrânia, a participação internacional diminuiu, mas este ano celebra-se o 80.º aniversário do fim da guerra.
A presença de líderes como Xi Jinping da China e representantes de várias repúblicas soviéticas destacam a relevância do evento. Contudo, Robert Fico da Eslováquia, único convidado da UE, não confirmou presença, e o presidente Aleksandar Vucic da Sérvia cancelou sua participação.
De acordo com o professor Gunther Rudzit, a presença brasileira ajuda a reforçar a ideia de que a Rússia não está isolada. Porém, ela pode trazer riscos ao Brasil, especialmente em relação à União Europeia e ao acordo comercial com o Mercosul.
Rudzit alerta que a proximidade com Putin pode prejudicar as negociações europeias. Por outro lado, Pedro Brites acredita que o acordo avança e que a visita pode fortalecer laços comerciais com a Rússia, além de melhorar o papel do Brasil no Brics.
Ambos os analistas concordam que a visita de Lula não influenciará os rumos da guerra na Ucrânia, devido à falta de neutralidade do Brasil e aos interesses divergentes de Moscou e Kiev. Rudzit observa que isso pode prejudicar a imagem da diplomacia brasileira, considerando as ações de Putin.