Lupi deixa Ministério da Previdência após desgaste por crise no INSS
Ministro da Previdência se afasta em meio a escândalo de desvios no INSS, apesar de não estar diretamente implicado nas investigações. Sua saída ressalta a pressão política sobre o governo Lula em meio a possíveis implicações no Legislativo.
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, pediu demissão neste sexta-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apenas nove dias após uma operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União revelar um esquema bilionário de desvios nas aposentadorias e pensões do INSS.
Embora Lupi não tenha sido mencionado nas investigações, seu desgaste aumentou. A percepção no Palácio do Planalto era de que ele não havia tomado as providências necessárias para conter os abusos.
Lupi perdeu o direito de indicar o chefe do INSS. O presidente Lula nomeou Gilberto Waller Júnior para o cargo, após demitir Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi.
A oposição na Câmara formou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. Lupi, em suas redes sociais, ressaltou que se demitiu apesar de não ter seu nome citado nas investigações.
O PDT, partido de Lupi e aliado de Lula, temia que sua demissão pudesse resultar na saída da legenda da base governista, complicando a situação legislativa do governo. O partido possui 17 deputados e a relação com a base do governo já está difícil, especialmente com o foco em 2026.
Nas últimas semanas, a operação revelou que entidades cobravam mensalidades indevidas de aposentados, totalizando R$ 6,3 bilhões em descontos entre 2019 e 2024, sem autorização dos beneficiários.
Lupi admitiu que houve demora em ações para conter as fraudes, embora negue omissão. Ele afirmou que os trâmites governamentais são mais lentos do que em empresas privadas.
A operação da PF e CGU visa combater os descontos não autorizados e levou à demissão de Stefanutto. O governo suspendeu todos os acordos de desconto nas aposentadorias após a operação.