Mães da Amazônia vivem dilema entre incentivar estudos e contar com a ajuda dos filhos no extrativismo
Mulheres extrativistas enfrentam o desafio de conciliar trabalho e educação dos filhos na Amazônia. Enquanto buscam sustento familiar, elas incentivam os jovens a valorizarem a educação e a desenvolverem suas potencialidades.
Na reserva extrativista do Médio Juruá, na Amazônia, mães enfrentam um dilema: equilibrar o desejo de educar os filhos com a necessidade de ajuda nas atividades extrativistas.
Silvilene Maria, 30 anos e extrativista há oito, mora a três horas de barco de Carauari (AM). O manejo do pirarucu é a principal fonte de renda da família, que vive em harmonia com a floresta.
Durante a temporada de pesca (outubro e novembro), a família acampa por até duas semanas para limpar e processar o pirarucu. O restante do ano, coletam e processam sementes, gerando renda extra.
A filha de Silvilene, Ana Beatriz, 14, ajuda após a escola, mas perde aulas durante a pesca. Silvilene a incentiva a estudar e sonhar alto, mesmo sabendo da dependência da filha nas atividades extrativistas.
Sirlangela Bispo, 40 anos, também enfrenta desafios semelhantes com seus filhos, que ajudam nas atividades para garantir a renda familiar. A filha Vitória concluiu o ensino médio e busca ingresso na faculdade, enquanto João Vitor pausou os estudos para ajudar em casa.
O papel das mulheres é crucial na organização social e na sobrevivência das comunidades, com destaque para o programa SustentaBio, que apoia a melhoria da qualidade de vida e capacitação técnica nas áreas protegidas do Médio Juruá.
Com investimento de R$ 24 milhões até 2027, o programa visa fortalecer a sociobiodiversidade e promover acesso a políticas públicas. Tatiana Rehder, do ICMBio, ressalta a importância de adaptar políticas para atender às especificidades locais.
O retorno de jovens capacitados às suas comunidades fortalece as práticas sustentáveis e a profissionalização do extrativismo. Patrícia Daros, do Fundo Vale, destaca o papel de mulheres e jovens na preservação da floresta e promoção da justiça social.