'Maior mudança no cenário para concessões foi alta vertiginosa dos juros', diz ex-presidente da Sabesp
Engenheiro Jerson Kelman destaca os desafios políticos e financeiros que o Brasil enfrenta para alcançar a universalização do saneamento até 2033. Ele alerta que a situação fiscal e a elevada taxa de juros podem impactar a viabilidade dos investimentos necessários no setor.
Jerson Kelman, engenheiro e ex-diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), aponta obstáculos para a universalização do saneamento no Brasil até 2033. Segundo ele, a interferência política e a situação fiscal dos governos podem dificultar a meta de garantir água tratada e esgoto para todos.
No cenário atual, com a Selic em 14,25%, ele questiona o impacto dos juros altos nos leilões de 2025. Kelman acredita que a COP30, evento que o Brasil sediará, pode abordar desafios climáticos no setor.
Fatores essenciais para a universalização:
- Capacidade de investimento das operadoras em bilhões de reais.
- Regulação eficiente por uma agência técnica e independente.
- Capacidade de pagamento da população.
Apesar do apetite das empresas para leilões nos últimos cinco anos, a desigualdade no país dificulta a regulação e a interação entre usuários e prestadores de serviço. A solução para comunidades pobres seria o modelo de Parcerias Público-Privadas (PPP), mas a situação fiscal complica essa possibilidade.
Cenário de juros altos pode reduzir o interesse em leilões de concessão.
Mudanças climáticas exigirão novos investimentos em infraestruturas resilientes, aumentando custos que dependem da capacidade de pagamento da população.
Kelman destaca a importância da COP30 para abordar a emissão de gases poluentes e a necessidade de foco na mitigação dos efeitos climáticos, o que pode, indiretamente, acelerar o saneamento no Brasil.