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Maior safra da história pega País com falta de armazém para 124 milhões de toneladas de grãos

Brasil enfrenta crise de armazenagem com a maior safra de grãos prevista na história. A incapacidade dos silos coloca milhões de toneladas em risco, gerando prejuízos para os produtores e afetando o mercado.

Brasil enfrenta crise de armazenamento de grãos

O Brasil irá colher a maior safra de grãos da história com previsão de 336,1 milhões de toneladas, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, a capacidade de armazenamento é de apenas 212,6 milhões de toneladas, resultando em um déficit de 124,3 milhões de toneladas.

A assessora técnica da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Elisangela Pereira Lopes, alerta que o problema é crônico, uma vez que a produção de grãos cresce a 5,3% ao ano, enquanto a capacidade de armazenagem apenas 3,4%.

Em 2023, 63,3% dos grãos colhidos têm armazém garantido, percentual que cai para 16,8% se considerados apenas silos nas fazendas. As novas fronteiras agrícolas, como Matopiba, enfrentam uma grave falta de infraestrutura, com apenas 46,4% da produção armazenada adequadamente.

O presidente da Abramilho, Paulo Bertolini, observa que a colheita da soja logo precede a safra maior do milho, criando escassez de espaço. Isso resulta em perdas, com grãos frequentemente expostos às intempéries.

Produtores tentam vender a produção rapidamente, levando a queda nos preços e aumento nos custos de frete. A situação afeta todos os envolvidos no processo, criando um círculo vicioso.

O Estado do Mato Grosso é o maior produtor, mas possui apenas 52,3 milhões de toneladas de capacidade para armazenar a produção de 104,8 milhões de toneladas.

Conforme pesquisa da CNA, 72,7% dos produtores estariam dispostos a investir em armazenagem se as taxas de juros fossem mais acessíveis. Apesar do PPA 2024/25 ter destinado R$ 7,8 bilhões para construção e ampliação de armazéns, a burocracia impede avanços.

Condomínios de grãos são uma alternativa em regiões como o Paraná, mas ainda abrangem um número limitado de produtores.

O Ministério da Agricultura destaca que os financiamentos do BNDES para armazenagem alcançaram R$ 2,6 bilhões, o maior da série histórica desde 2013, mas é uma medida que ainda não resolve a escassez de espaço.

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