Maioria de venezuelanos enviados para prisão de El Salvador não tinha antecedente criminal, diz TV
A reportagem do 60 Minutes revela que 75% dos venezuelanos deportados para El Salvador não têm antecedentes criminais. O governo americano classifica esses deportados como "terroristas", alegando que a falta de registro criminal não é indicativa de inocência.
A maioria dos venezuelanos deportados pelos Estados Unidos para a prisão de segurança máxima de El Salvador em março não tem antecedentes criminais, segundo investigação do programa 60 Minutes da CBS.
Do total de 238 deportados, 179 (ou 75%) não têm histórico criminoso conhecido. Apenas 53 (22%) apresentaram antecedentes, enquanto 5 (3%) não puderam ser identificados.
A maioria dos antecedentes é de crimes não violentos, como roubo e furto. Entretanto, 12 pessoas enfrentam acusações graves, como assassinato e sequestro.
O governo americano alegou que os deportados sem antecedentes são considerados “terroristas”, embora não tenham ficha criminal nos EUA.
Os deportados foram levados ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), de segurança máxima, onde imagens mostram os presos raspando o cabelo. A advogada Lindsay Toczylowski identificou um deportado, Andry Hernandez Romero, de 31 anos, que emigrou devido a homofobia e perseguição política.
Romero, que buscava asilo, faltou a uma audiência judicial e foi reconhecido em fotos por suas tatuagens. O governo alegou que uma de suas tatuagens era simbólica de uma gangue, Tren de Aragua.
Outro deportado, Jerce Reyes Barrios, foi preso pela tatuagem de uma bola em homenagem ao Real Madrid.
Advogados relatam que, desde a deportação, não têm contatado os clientes. O Cecot é conhecido por tortura e violações de direitos humanos, e os EUA firmaram um acordo de US$ 6 milhões com El Salvador para a deportação.