Mais engenheiros, melhores engenheiros: a conta do crescimento que o Brasil insiste em ignorar
A formação excessiva de advogados em detrimento de engenheiros reflete um problema estrutural que limita o crescimento econômico do Brasil. A escassez de profissionais capacitados em STEM tem consequências diretas na produtividade e inovação do país.
Impunidade e fraudes no Brasil têm gerado efeitos colaterais significativos, como a má alocação de talentos. Profissionais qualificados desviam suas carreiras para "navegar o sistema" em vez de inovar e construir.
O Brasil forma menos engenheiros do que necessita. Dados de um estudo de 1991 confirmam que países com mais engenheiros crescem mais rápido, enquanto aqueles com mais juristas crescem mais devagar.
Atualmente, o Brasil possui a maior densidade de advogados do mundo, com mais de 1,3 milhão de profissionais. Por ano, são formados cerca de 140 mil bacharéis em Direito, em contraste com apenas 130 mil engenheiros, número que tem diminuído.
Essa disparidade impacta o desenvolvimento econômico: a Coreia do Sul, que investiu em formação técnica e quantidade de engenheiros, hoje supera o Brasil em quase quatro vezes em PIB per capita.
Os dados também expõem um problema na qualidade da formação. Testes como o PISA mostram lacunas em matemática e ciências. Muitos engenheiros se encontram subempregados, enquanto o Brasil tem apenas 1% da força de trabalho em ocupações STEM, comparado a 6-8% em países como EUA e Alemanha.
Essa discrepância reflete um mercado de trabalho pouco sofisticado, levando a baixa produtividade e queda na contribuição da indústria para o PIB. Sem uma estratégia sólida para aumentar a intensidade tecnológica do emprego formal, o Brasil continuará a enfrentar limitações.
A discussão sobre educação e tecnologia deve ser prioridade. O país precisa decidir sua vocação futura: valorizar advogados ou engenheiros? Investir em formação técnica é essencial para gerar oportunidades e prosperidade econômica.
Conclusão: O Brasil deve urgentemente reavaliar suas prioridades educacionais e profissionais. A superação da impunidade e a valorização de engenheiros formados são cruciais para um futuro mais próspero.