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Mais etanol na gasolina vai reduzir preço do combustível? Essa e outras 3 perguntas sobre proposta do governo

Governo propõe aumento na mistura de etanol na gasolina para 30% a fim de reduzir a dependência de importações e baixar preços. Testes indicam que a mudança não prejudica o desempenho dos veículos.

Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que a proposta de aumentar a mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% será levada ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ainda este ano.

O teste do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) demonstrou que a mudança não afeta o desempenho dos veículos. Silveira destacou vantagens do aumento, mas questionou a redução de preços dado o custo do etanol, em média R$ 3,25 por litro, comparado à gasolina a R$ 3 nas refinarias.

O Proálcool foi criado em 1975 para diminuir a dependência do petróleo. A mistura de etanol anidro tem variado ao longo dos anos, sendo atualmente de mínimo de 18% e máximo de 27,5%.

A elevação para 30% é uma iniciativa inicial, considerando a lei sancionada em 2022 que permite até 35% de mistura, desde que tecnicamente viável.

Críticos apontam que o etanol diminui a autonomia dos veículos e compete com produção de alimentos, embora essa afirmação seja contestada pelo setor sucroalcooleiro.

Silveira acredita que o aumento da mistura pode reduzir o preço da gasolina em até R$ 0,13 por litro, mas análises indicam que a queda nos preços depende mais da safra de cana-de-açúcar e impostos do que da mudança na mistura.

O diretor da AEA, Rogério Gonçalves, afirmou que, para carros flex, pode haver um pequeno aumento no consumo, mas testes não mostraram problemas. Dúvidas permanecem para veículos não flex e maquinários, que podem ser afetados pela corrosão causada pelo etanol.

Silveira garantiu que a mudança poderia fazer o Brasil se tornar independente de importações de gasolina, revertendo a tendência de importação de 760 milhões de litros, e potencialmente exportando mais combustível.

Isabela Garcia, da StoneX, explica a limitação do refino no Brasil como razão para a importação, pois a produção de gasolina ainda não é suficiente para atender à demanda interna, com a gasolina A representando 90% do consumo.

Garcia observa que a nova mistura facilitará a substituição da gasolina A pelo etanol e poderá reduzir a dependência externa, com uma estimativa de 1 bilhão de litros a menos de gasolina A consumidos se a mistura for implementada em abril.

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