MEIs já respondem por déficit futuro de R$ 711 bi na Previdência, mostra estudo
Estudo aponta que o MEI gera um déficit atuarial significativo nas contas da Previdência Social, colocando em risco sua sustentabilidade futura. Com um crescimento expressivo no número de inscritos, a modalidade acaba sendo mais onerosa para o sistema previdenciário.
Déficit atuarial do MEI é de R$ 711 bilhões
Desde sua criação, o Microempreendedor Individual (MEI) acumulou um déficit atuarial de R$ 711 bilhões nas contas da Previdência Social, que pode chegar a R$ 974 bilhões, considerando um ganho real do salário mínimo de 1% ao ano.
O déficit ocorre quando as obrigações futuras superam os recursos disponíveis. As projeções foram elaboradas por Rogério Nagamine, ex-subsecretário do RGPS, em um estudo do FGV Ibre.
O número de trabalhadores inscritos no MEI cresceu de 44 mil em 2009 para 16,2 milhões em junho deste ano.
Nagamine alerta: "É uma bomba previdenciária". Ele afirma que a contribuição de 5% do salário mínimo é insuficiente para cobrir os benefícios futuros. O MEI representa quase 12% dos contribuintes do INSS, mas apenas 1% da receita previdenciária.
A advogada Adriane Bramante reconhece a inclusão que o MEI oferece, mas alerta que sua modalidade é onerosa para a Previdência, além de distorcer o mercado laboral.
O estudo indica que o MEI poderá gerar um débito de R$ 1,9 trilhão nas próximas décadas, além de evidenciar que apenas um em cada três participantes contribuiu em 2023.
Com a pressão no Congresso para aumentar o teto de faturamento do MEI, Nagamine destaca que isso pode intensificar a substituição de empregos formais por contratos MEI, especialmente em setores como beleza e educação.
Embora o MEI ofereça benefícios, como aposentadoria e auxílio-doença, a comparação com o BPC (Benefício de Prestação Continuada) por Bramante sugere que a alternativa do MEI ainda é preferível.
Contudo, Nagamine argumenta que o custo pode ser maior do que a arrecadação gerada pelo MEI, aumentando o fluxo de despesas para a Previdência.