Mercados começam a perder a fé nos EUA e China leva vantagem sobre Trump, diz Paul Krugman
Krugman alerta que a complacência do mercado com a dívida dos EUA pode levar a uma "perda de fé" na economia americana. O economista também critica a abordagem do governo Trump e destaca os desafios da guerra comercial com a China.
Economista Paul Krugman, 72, prêmio Nobel de Economia em 2008, alerta para a complacência do mercado financeiro global em relação à dívida pública dos EUA, que atinge 120% do PIB.
Krugman destaca a instabilidade do governo Trump e a subestimação dos investidores sobre o potencial de crises. Ele critica a política econômica atual como errática e extremista.
Em sua análise, Krugman observa que a guerra comercial com a China favorece este país e considera irrealista a intenção de reindustrialização dos EUA. O aumento das tarifas, embora inflacionário, ainda não gera sinais claros de recessão.
A incerteza política é vista como um grande fator para o esfriamento dos investimentos. Embora não se vislumbre uma recessão imediata, isso pode causar uma desaceleração econômica.
Sobre o endividamento global, Krugman afirma que, embora crescente, a dívida não é necessariamente um problema imediato. No entanto, os mercados podem estar se tornando cada vez mais céticos em relação à capacidade dos EUA de atuar responsavelmente.
Ele compara a situação americana a uma crise fiscal suave, similar à crise mexicana na década de 90, e questiona a eficácia das políticas de Trump voltadas para conter o crescimento da China, que está em uma posição mais forte devido à sua capacidade de estímulos fiscals.
No que tange à reindustrialização, Krugman explica que a desindustrialização nos EUA é resultado de crescimento da produtividade e não apenas do comércio, insinuando que a volta à base industrial do passado é uma fantasia irrealista.
Krugman é professor emérito de Economia e autor de mais de 20 livros e 200 artigos. Ele foi colunista do The New York Times por 25 anos e é Ph.D. pelo MIT.