Mercados emergentes aceleram captação com menor spread desde 2007 e otimismo com Fed
Empresas de mercados emergentes estão aproveitando a favorable conjuntura para intensificar suas emissões de dívida externa. Apesar das incertezas econômicas e geopolíticas, a demanda por títulos continua alta, refletindo um apetite por risco renovado entre os investidores.
Empresas e governos de mercados emergentes estão retomando a emissão de dívida internacional com ritmo mais forte desde 2021, impulsionados pela queda nos prêmios de risco e expectativa de juros mais baixos nos EUA, segundo o Financial Times.
Entre janeiro e julho de 2025, foram emitidos US$ 250 bilhões em títulos, com previsão de atingir US$ 370 bilhões até o final do ano, próximo ao recorde da pandemia.
Com a inclusão da China, o total pode chegar a US$ 433 bilhões, embora o saldo líquido siga negativo em US$ 8 bilhões por conta de vencimentos.
O analista Alan Siow, da gestora Ninety One, afirma que “o mercado começou a precificar um Federal Reserve mais acomodatício” e muitas empresas estão se preparando para retornar.
O retorno necessário para comprar papéis corporativos emergentes com grau de investimento caiu para menos de 2 pontos percentuais, o menor desde 2007, indicando maior apetite por risco. Essa compressão é respaldada por acordos comerciais e a valorização das bolsas globais.
Mesmo com incertezas econômicas e ameaças tarifárias, os mercados de crédito mantêm-se fortes. A China, que liderava as emissões até 2021, recuou após a crise do setor imobiliário, enquanto países como Arábia Saudita e México estão impulsionando o mercado.
A Arábia Saudita intensificou emissões para financiar projetos internos e compensar a queda nas receitas de petróleo, enquanto o México captou US$ 12 bilhões para reforçar a estatal Pemex.
Apesar das ameaças de tarifas de até 50% sobre Brasil e Índia, os spreads continuam a cair. Os papéis high yield também se beneficiaram, com investidores ainda não precificando uma deterioração geopolítica significativa.
Siow conclui: “O mercado está surpreendentemente tranquilo em relação às tarifas”. Exemplificando, menciona a possível tarifa de 25% sobre o México, cujo impacto real deve ser inferior a 10%, devido ao acordo USMCA.