Mesmo com juro alto, os mais pobres têm expectativa de inflação alta no Brasil
Expectativas de inflação divergem entre classes sociais, com os mais pobres prevendo um aumento mais acentuado nos preços nos próximos três anos. A pesquisa revela que a percepção de alta dos preços impacta o sentimento da população e suas projeções futuras.
Ministério da Fazenda mantém estimativa de crescimento do PIB em 2,3% para 2023 e 2026.
Revisão da inflação subiu de 4,8% para 4,9%, acima do teto da meta de 3% (até 4,5% de tolerância).
Pesquisa revela que a população, especialmente os mais pobres, espera uma alta de preços mais intensa. A inflação acumulada em 12 meses até fevereiro foi de 5,1%, impulsionada pela energia elétrica, transportes e bens industriais.
A inflação dos alimentos desacelerou, caindo de 8,2% em dezembro para 7,1% em fevereiro, devido à queda em itens como batata, banana e leite.
A equipe econômica acredita que as medidas para conter os preços dos alimentos e a manutenção do câmbio próximo de R$ 5,80 ajudarão a melhorar o cenário.
Segundo o novo indicador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, os brasileiros esperam inflação elevada por três anos. A pesquisa indica que pessoas com renda até R$ 2.100 projetam inflação de 9,8%, enquanto aquelas com renda acima de R$ 9.600 esperam 5,7%.
Anna Carolina Gouveia, economista do FGV, explica que famílias de menor renda são mais sensíveis às variações de preços básicos, como alimentos e energia. Isso causa uma percepção de aceleração dos preços, aumentando expectativas de alta.
Estimativas para a inflação entre os de menor renda subiram para 10,4% em janeiro, coincidindo com altas nos preços dos alimentos.
As expectativas do FGV contrastam com as do Boletim Focus, que preveem 4,48% em 2026, 4% em 2027 e 3,78% em 2028.
Anna Carolina destaca que o consumidor é sensível a variações de preços, como do ovo e do café, o que gera pessimismo e altera a percepção da inflação dependendo do acesso à informação e nível de renda.