Mesmo sob bombardeio dos Estados Unidos, ambição nuclear do Irã segue viva

Donald Trump chamou o bombardeio a alvos nucleares no Irã de "sucesso militar espetacular", afirmando que as bombas destruíram pilares do programa atômico iraniano.

O ataque, embora significativo, não representa um golpe fatal em um programa que é parte da história, cultura e identidade nacional iraniana.

Desde 1974, o Irã vê seu programa nuclear como um símbolo de protagonismo no mundo muçulmano e como um seguro em um ambiente regional perigoso.

Especialistas apontam que qualquer líder futuro do Irã reconhecerá a necessidade de um dissuasor nuclear. Roham Alvandi, da London School of Economics, afirma que pressões podem obrigar o atual líder, Ali Khamenei, ou seus sucessores, a fazer concessões a curto prazo.

Trump, ao apoiar a campanha militar de Israel, aumentou os custos para os líderes iranianos que rejeitam limites ao enriquecimento de urânio, mas pode ter incentivado uma busca ainda maior por armas nucleares.

Os bombardeios causaram danos a instalações em Natanz, Fordow e Isfahan, podendo atrasar o programa iraniano por anos, mas o conhecimento acumulado ao longo de décadas permanece.

O Irã assinou acordos com os EUA desde 1957, e seu programa nuclear passou a ser visto como uma expressão de prestígio nacional.

Após a Revolução Islâmica, o programa nuclear foi reavaliado como um ativo estratégico durante a guerra Irã-Iraque, levando à crença de que um programa nuclear robusto é necessário para a segurança nacional.

O programa, que combina um componente civil e um secreto, tornou-se uma fonte de orgulho nacional, com manifestações públicas fervorosas.

Analistas indicam que o regime de Khamenei enfrenta um impasse existencial, com a possibilidade de tomar uma postura agressiva ou buscar um acordo com os EUA.

No entanto, o povo iraniano pagará um preço alto, independentemente da decisão tomada.