Meta confirma uso de e-mail de Mauro Cid em conta do Instagram que discutia delação
Conexões entre Mauro Cid e conta suspeita levantam novas suspeitas sobre obstrução de Justiça. Revelações de mensagens ao STF intensificam investigações sobre tentativas de manipulação do processo judicial.
Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgou nesta segunda-feira (23) um documento da Meta que liga o tenente-coronel Mauro Cid a uma conta suspeita no Instagram, usada para discutir sua delação premiada.
O relatório aponta que a conta foi registrada com um e-mail relacionado a Cid e um número de celular da esposa, Gabriela Cid. A data de nascimento na conta - 17 de maio de 1979 - corresponde à de Mauro Cid. O e-mail teve sua criação confirmada em 2005.
A conta, nomeada “GabrielaR702”, foi utilizada para comunicações com advogados de Jair Bolsonaro e apresenta indícios de que Cid discutiu sua delação fora dos canais oficiais.
Durante um interrogatório, Cid negou o uso do Instagram para tratar da delação e afirmou não conhecer o perfil associado à sua esposa. Essa negativa contradiz as informações da Meta e da Google, o que pode comprometer sua credibilidade como colaborador judicial.
Cid firmou um acordo de delação com a Polícia Federal em 2023, relacionado às investigações sobre o golpe de Estado que ocorreu após as eleições de 2022.
A revelação das mensagens levou a novas medidas do STF. Em 18 de outubro, Moraes determinou a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, aliado de Bolsonaro, e ordenou investigações sobre possíveis tentativas de obstrução de Justiça por ele e seu advogado, Eduardo Kuntz.
Kuntz confirmou ao STF que mantinha conversas com o perfil “GabrielaR702” e apresentou mensagens trocadas com Cid e outro advogado da equipe de Bolsonaro. Essas mensagens, respaldadas por provas da Meta, sugerem articulações para coordenar versões entre os investigados e monitorar o conteúdo da delação.