Migração para mercado de livre de energia deve atrair menos no Nordeste e mais no Centro-Oeste
A abertura do mercado livre de energia em 2026 promete redução de até 26% nas contas de luz, beneficiando especialmente o Centro-Oeste e o Sul do Brasil. Contudo, especialistas alertam que a migração pode não resultar em economia significativa para todos os consumidores, já que custos antigos continuam a pesar nas tarifas.
Brasília - A adesão ao mercado livre de energia está prevista para iniciar entre 2026 e 2027, resultando em uma economia média de 12% na conta de luz para pequenos consumidores. No Centro-Oeste e Sul, a economia pode ser ainda maior, atingindo 26% no Distrito Federal e 16% em Santa Catarina. Já no Nordeste, a redução é estimada em apenas 9%, podendo chegar a 5% na Paraíba.
A proposta de abrir o mercado para consumidores residenciais e comerciais, apresentada pelo governo Lula, enfrenta forte pressão no Congresso Nacional, resultando em mais de 600 emendas ao texto original. A medida também visa ampliar a tarifa social para consumidores de baixa renda.
O mercado livre permitirá que o consumidor escolha seu fornecedor de energia, potencialmente reduzindo custos. Hoje, essa modalidade é acessível apenas a consumidores de alta tensão. Um estudo da Volt Robotics estima que, a cada R$ 100 na conta de luz, apenas R$ 35 correspondem à energia propriamente dita.
O cronograma indica que, em agosto de 2026, os comércios de baixa tensão poderão migrar, seguidos pelos residenciais em 2027. As migrações são mais promissoras onde os benefícios financeiros são maiores, como no Distrito Federal, onde até 50% dos consumidores podem mudar para o mercado livre em cinco anos.
Especialistas alertam que, apesar das vantagens, existem desafios. O presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Barata, indica que, mesmo com a abertura do mercado, os ganhos poderão ser limitados devido a encargos existentes que continuarão a pesar sobre o consumidor.
Entre os desafios mencionados, estão o pagamento da CDE e a necessidade de um novo encargo para compensar distribuidoras que perderem clientes rapidamente. Além disso, o presidente da Abradee, Marcos Madureira, salienta que os custos elevados das distribuidoras são uma consequência do sistema elétrico e precisam ser distribuídos entre todos os consumidores.
Por fim, ambas as partes enfatizam a importância de discutir como reduzir o custo global da energia, de modo que a migração para o mercado livre não aumente a carga financeira dos que permanecerem no mercado regulado.