Milhares de argentinos vão às ruas relembrar mortos pela ditadura militar
Centenas de manifestações em todo o país marcam a luta pela memória e justiça, com dados ainda incertos sobre os desaparecidos. Familiares de vítimas relembram histórias de dor e perseverança na busca por respostas.
Milhares de argentinos saíram às ruas nesta segunda-feira (24) em lembrança ao Dia Nacional da Memória pela Verdade e a Justiça, em homenagem aos mais de 20 mil desaparecidos do regime militar iniciado em 24 de março de 1976.
A principal manifestação ocorreu na Praça de Maio em Buenos Aires, um local histórico de resistência civil contra a ditadura. Manifestações também aconteceram em diversas cidades, incluindo Gualeguaychú.
Hugo Angerosa, de 73 anos, participou da marcha exigindo respostas sobre o destino de seu irmão, Daniel, e sua irmã, Blanquita, desaparecidos durante a ditadura.
Angerosa relatou que, antes do golpe, sua família já enfrentava repressão. Em 18 de fevereiro de 1976, agentes do Exército invadiram sua casa à procura de Daniel.
O testemunho inclui a busca incansável da família em quartéis e delegacias após o desaparecimento. "Sabemos que é provável que tenham sido mortos, mas continuaremos procurando", compromete-se Angerosa.
Ele mesmo foi sequestrado em 30 de setembro de 1976 e submetido a tortura, mas não revelou informações. "Dois irmãos sequestrados, dois desaparecidos. E minha irmã deu à luz em um centro clandestino.", refletiu.
Angerosa destacou que todos os dados de DNA da família estão no laboratório das Avós da Praça de Maio e que sua luta por justiça e pela verdade não terminará até que todas as respostas sejam obtidas.