Militares ganham força no Irã com cessar-fogo instável apoiado pela linha dura
Mudanças no poder militar no Irã após a guerra têm transformado a dinâmica política do país, levando a uma postura mais agressiva em relação a Israel. A nova liderança da Guarda Revolucionária Islâmica busca reforçar a unidade interna, mas a estabilidade a longo prazo ainda é incerta.
Nova Configuração de Poder no Irã
A trégua entre Irã e Israel é delicada devido à mudança de poder em Teerã, causada pela guerra. Uma nova geração de generais na Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) assumiu controle, superando os clérigos desde a Revolução de 1979.
Com a idade avançada do aiatolá Ali Khamenei, especula-se sobre sua sucessão. Khamenei se tornou isolado e entregou decisões importantes a um conselho militar. Um observador afirmou: "O país está, na prática, sob lei marcial".
A IRGC, agora dominando, sofreu perdas com assassinatos israelenses, resultando em uma nova liderança mais agressiva, com a postura maximalista ganhando força. Antes havia debate sobre a postura anti-Israel, agora apenas há linhas-duras.
A guerra uniu facções rivais que, anteriormente, disputavam poder dentro do regime. O nacionalismo cresceu entre a população, apesar dos apelos de Israel e do exílio. O orgulho pela IRGC cresceu, com cidadãos retornando ao Irã em meio aos conflitos.
Não se sabe se essa unidade se manterá após um cessar-fogo. Muitos iranianos desejam um novo pacto social que reduza a religiosidade do regime. O controle da IRGC pode resultar em afrouxamento das normas sociais.
Após a guerra, iranianos lamentam os gastos em conflitos e o programa nuclear. A desconfiança militar em relação a diálogos com os EUA persiste; a memória de líderes depostos ainda atormenta a política externa do Irã.
A guerra encorajou generais a aumentar repressão e arsenal. O regime não abandona seu programa nuclear e discute sair do tratado de não proliferação, com a possibilidade de construção de armas. A persistente busca por armas nucleares pode provocar mais ataques de EUA e Israel.
A mudança no domínio clerical para uma liderança militar cria novos desafios, e a prometida era de paz e prosperidade ainda está distante.
"Texto da The Economist, traduzido por Tatiana Cavalcanti, publicado sob licença."