Mineração brasileira se adapta a novo modelo da economia chinesa, mais focada em consumo e manufatura
As exportações brasileiras de minério de ferro para a China continuam a crescer, mas enfrentam desafios devido a mudanças no mercado e excessos de oferta. O setor se prepara para inovações e novos modelos de negócios para atender à demanda em transformação.
A mineração é crucial para as exportações no Brasil. Em 2024, as vendas somaram US$ 43,4 bilhões, representando 47% do saldo da balança comercial.
O minério de ferro é o principal produto, com 71% das exportações destinadas à China. Em 2023, os embarques para a China cresceram 6,3% e alcançaram 276,6 milhões de toneladas.
Apesar desse aumento, houve somente 1% de crescimento em dólar, refletindo a crise no mercado imobiliário chinês e a queda no consumo de aço. A líder da PwC Brasil, Patrícia Seoane, destaca que traders estão refazendo estoques devido à baixa cotação do minério.
A Vale, maior exportadora do Brasil, aponta uma mudança no modelo econômico da China, que agora foca mais em consumo e manufatura. Segundo a Vale, a dependência do minério de ferro do mercado imobiliário caiu de 40% para 30%.
A empresa vê um cenário otimista na infraestrutura e na manufatura, além de projetos de descarbonização que demandam minério de alta qualidade. A China representa 61% da receita da Vale em minério de ferro.
Para atender a demanda, a Vale investe em mega hubs para a produção de aço de baixo carbono e produtos inovadores, como o briquete de minério de ferro, que pode reduzir 10% das emissões de gases.
Patrícia Seoane alerta sobre o excesso de oferta e o aumento dos estoques, além da entrada de novos projetos, como o de Simandou, na Guiné. Por outro lado, Jorge Guinle, CEO da Timbro, vê boas oportunidades de investimento na China.
A principal incerteza no mercado é o impacto das tarifas globais estabelecidas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Patrícia observa que, embora o minério de ferro seja menos afetado, o efeito total permanece incerto.