Ministério da Agricultura apontou sérios riscos em modelo brasileiro de criação de aves
Relatório do Ministério da Agricultura destaca vulnerabilidades na avicultura brasileira, incluindo riscos sanitários e ambientais. O documento indica necessidade urgente de regulamentação sobre o bem-estar das aves para prevenir a gripe aviária e melhorar as condições de produção.
Relatório do Ministério da Agricultura revela que o modelo atual de criação de aves no Brasil é vulnerável a problemas de saúde animal, com riscos sanitários e ambientais.
O documento, produzido pelo Departamento de Saúde Animal, indica um vácuo legal devido à ausência de normas sobre bem-estar de aves, favorecendo o surgimento da gripe aviária.
Nesta sexta-feira (16), o ministério confirmou a detecção do vírus em uma granja em Montenegro, RS, o primeiro foco na avicultura comercial brasileira. A China e a União Europeia suspenderam importações de proteína de frango do Brasil por 60 dias.
O relatório aponta que a produção intensiva atual resulta em estresse crônico nas aves, dificultando seu comportamento natural e aumentando a vulnerabilidade a doenças. As condições de criação incluem falta de espaço, calor excessivo e ventilação inadequada.
O texto destaca que as medidas farmacêuticas utilizadas para minimizar danos podem agravar questões de saúde pública, aumentando a Resistência Antimicrobiana (RAM) e comprometendo o acesso a mercados.
A gripe aviária, que se espalha facilmente entre aves, é uma preocupação nas condições de alta densidade populacional do Brasil. O setor produtivo admite que os protocolos atuais são insuficientes para garantir o bem-estar animal.
O relatório enfatiza que a falta de normas cria um ambiente de concorrência desleal entre empresas que investem em bem-estar animal e aquelas que não o fazem, resultando em maior risco de doenças e uso insustentável de antimicrobianos.
O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, ainda carece de uma regulamentação específica sobre bem-estar animal. O documento conclui que é necessária uma base normativa que respeite o conceito de "Uma Só Saúde", integrando as dimensões animal, humana e ambiental.
Uma minuta de decreto já foi elaborada pelo ministério, propondo uma normativa obrigatória com implementação gradual. A Folha tentou contato com o Ministério da Agricultura, mas não obteve resposta até a publicação.