Ministro afasta representantes sindicais citados em investigação de fraude do INSS
Mudanças no CNPS geram polêmica entre entidades sindicais após afastamento de representantes investigados. Centrais classificam a decisão como autoritária e antidemocrática, exigindo a revisão da medida.
Ministro Wolney Queiroz afasta representantes sindicais do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), citados em investigações de fraude do INSS pela Polícia Federal e pela CGU.
Novos membros foram indicados pela Casa Civil, Ministérios da Fazenda e do Planejamento, e pela Dataprev. A decisão gerou críticas das maiores centrais sindicais do país.
O CNPS, responsável por estabelecer diretrizes e avaliar a gestão previdenciária, tinha um colegiado que incluía representantes de aposentados, trabalhadores e organizações patronais.
A advogada Tônia Galleti alertou, em janeiro, o então ministro Carlos Lupi sobre descontos irregulares em benefícios. Apesar da promessa de investigação, nada foi feito. Galleti é ligada ao Sindnapi, uma das entidades afastadas.
O Ministério da Previdência afirma que a mudança visa refletir o conjunto do governo e melhorar políticas de previdência. As reuniões do CNPS serão agora gravadas em vídeo.
Um ofício foi enviado às centrais sindicais para a substituição dos representantes afastados. Wolney destaca que a suspensão não é um pré-julgamento, permitindo a defesa dos investigados.
As centrais, incluindo CUT, Força Sindical e CTB, protestaram contra a mudança, considerando-a inaceitável e antidemocrática. Elas criticam a falta de notificação formal e acusam o ministério de desprezá-las.
Em nota, afirmam que “entidades sérias” não devem ser tratadas como fachada e que investigar fraudes não justifica a criminalização do movimento sindical.
Enfatizam que a participação na gestão previdenciária é uma conquista da Constituição de 1988, e um ataque a essa representação é um ataque à democracia e aos direitos sociais.