Misoginia não é brincadeira
Senador faz comentário misógino contra ministra Marina Silva, refletindo a cultura de violência política de gênero no Brasil. A situação revela um padrão preocupante de desrespeito e opressão que atinge especialmente mulheres em posições de liderança.
Ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, declarou que a desvalorização da mulher é um erro humano que resulta em violência.
O senador Plínio Valério (PSDB-AM) fez uma piada misógina sobre a ministra Marina Silva, dizendo: “Imagine o que é tolerar a Marina 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la.” Essa atitude é um reflexo da misoginia presente na sociedade.
No contexto da COP30, a agressão à ministra, uma figura crucial na luta pela Amazônia, é desrespeitosa e prejudicial à diplomacia ambiental.
A misoginia é revelada através de discursos políticos, interrupções e insultos. Valério perpetua a violência simbólica contra mulheres em posições de poder.
Estudos apontam que as agressões a mulheres líderes são comuns e refletem uma cultura política patriarcal. A ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfrentou uma campanha sistemática de ataques misóginos ao longo de seu mandato.
A violência política de gênero é ainda mais severa para mulheres negras, que recebem ataques que combinam misoginia e racismo. A interseccionalidade amplifica esta dinâmica de ódio.
A lei 14.192 de 2021 foi criada para combater a violência política contra mulheres, criminalizando agressões físicas e simbólicas, com penas de até 5 anos e 4 meses para casos específicos.
No entanto, a aplicação efetiva dessa lei ainda é um desafio, com casos de misoginia frequentemente sem punições, reforçando a cultura de desrespeito.
A misoginia impede o debate público, minando a legitimidade das vozes femininas e enfraquecendo a democracia. Se figuras proeminentes como Marina Silva e Nísia Trindade são atacadas, o que esperar de milhares de outras mulheres?
A resposta a esses ataques deve ser contundente, com punições exemplares estabelecidas pelo Congresso. É fundamental que movimentos sociais e feministas façam pressão para que a misoginia não seja minimizada.
O combate a essa violência precisa ser interseccional, pois não há justiça de gênero sem justiça racial. Misoginia não é piada e aqueles que a tratam como tal revelam seu verdadeiro posicionamento.