Modelo de jornada exaustiva da China é incorporado por empresas de tecnologia nos EUA
Startup dos EUA incorpora modelo de trabalho 996, inspirado na cultura chinesa, mesmo diante de críticas sobre a exaustão dos trabalhadores. Especialistas destacam a atração do formato por jovens dispostos a priorizar a carreira em detrimento da vida pessoal.
Modelo de Trabalho "996" Ganha Espaço nos EUA
A jornada de trabalho conhecida como "996" — das 9h às 21h, seis dias por semana —, amplamente utilizada na China, está sendo incorporada por startups nos Estados Unidos, especialmente no Vale do Silício.
Empreendedores acreditam que esse modelo é crucial para o crescimento acelerado das empresas em setores competitivos, como a inteligência artificial.
Amrita Bhasin, CEO de uma startup de logística, comentou que seguir o modelo 996 é comum nos primeiros anos de uma startup na Bay Area. Martin Mignot, da Index Ventures, declarou que esse modelo se tornou o novo padrão entre jovens empresas, essencial para aproveitar oportunidades rápidas de crescimento.
Segundo Mignot, a prática está atraindo jovens trabalhadores dispostos a sacrificar a vida pessoal. Um exemplo de empresa alterou sua localização para evitar distrações, enquanto outra limitou férias coletivas para moldar uma cultura de alta produtividade.
Adrian Kinnersley, recrutador, confirmou que a disposição para trabalhar até 72 horas semanais já é um critério de seleção frequente. Ele alerta que, apesar da legislação trabalhista mais favorável da Califórnia, a cultura do 996 pode criar passivos enormes para os trabalhadores.
Embora popular, esse modelo enfrenta críticas. Na China, o 996 foi associado a casos de exaustão e até mortes, levando o Supremo Tribunal a declarara prática ilegal em 2021. Contudo, muitas empresas continuam a adotá-lo informalmente, refletindo a dificuldade de romper com a cultura de dedicação extrema.
Esse contexto resultou no êxodo de profissionais de grandes cidades como Xangai em busca de um estilo de vida menos desgastante.