Montadoras avisam Lula que pacote pró-China causará demissões; entenda e leia a íntegra da carta
Montadoras alertam para risco de desemprego no setor automotivo brasileiro se incentivos à indústria chinesa forem aprovados. Carta direcionada ao presidente Lula destaca a importância da cadeia produtiva local e os investimentos planejados para o futuro.
Presidentes da Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alertando para um possível “legado de desemprego” caso o governo adote um pacote de benefícios à indústria chinesa de automóveis.
A carta foi motivada por uma reunião extraordinária da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) agendada para esta quarta-feira, 30, para discutir pleitos da montadora chinesa BYD.
A BYD solicita redução de impostos de importação para automóveis semimontados (SKD) e desmontados (CKD), diminuindo taxas de 20% para 10% nos híbridos e de 18% para 5% nos elétricos.
As montadoras destacam a relevância do setor, que representa 2,5% do PIB brasileiro, 20% do PIB da indústria de transformação, com 1,3 milhão de empregos e um faturamento de US$ 74,7 bilhões ao ano.
Elas planejam investir R$ 180 bilhões nos próximos anos, sendo R$ 130 bilhões para veículos e R$ 50 bilhões para autopeças. Esta projeção poderá ser revista se o pacote favorável às fabricantes chinesas for adotado.
A carta alerta para o risco de um “ciclo virtuoso” sendo comprometido pela importação de veículos desmontados, que, segundo as montadoras, não contribuiria para a inovação e resultaria em aumento do desemprego e dependência tecnológica.
O ofício, datado de 15 de julho, foi assinado por Ciro Possobom (Volkswagen), Evandro Maggio (Toyota), Emanuele Cappellano (Stellantis) e Santiago Chamorro (General Motors).
Os executivos expressam confiança na “sensibilidade” de Lula em preservar a competição justa e proteger a indústria nacional.