Movimento do dólar reflete aumento na probabilidade de vitória de Lula nas eleições, diz Kanczuk
A recente depreciação do real está atrelada à incerteza política em torno das eleições de 2024, com investidores mudando o foco das análises econômicas para a disputa eleitoral. Especialistas destacam que a percepção de risco eleitoral está influenciando diretamente a cotação do dólar no mercado.
Episódio do “tarifaço” interrompe apreciação do câmbio. O dólar, que estava a R$ 5,40, agora opera em torno de R$ 5,60. Segundo Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central, essa depreciação está mais relacionada à probabilidade de vitória de Lula nas próximas eleições do que a tarifas de Donald Trump.
Se Lula tivesse 100% de chance de ser eleito, o dólar chegaria a R$ 6. Caso Tarcísio de Freitas fosse o vencedor, ficaria próximo de R$ 5. O aumento do dólar de R$ 5,45 para R$ 5,55 reflete uma mudança na probabilidade atribuída ao ex-presidente.
Kanczuk destaca que investidores passaram a focar mais na disputa eleitoral do que em fundamentos econômicos. Eles não estão tão preocupados com crescimento, inflação ou política fiscal, o que é uma mudança precoce na agenda.
Jeferson Bittencourt, chefe de macroeconomia do ASA, observa que o mercado acredita que o governo não apresentará resultados fiscais ambiciosos até o final do mandato. Espera-se uma redução nas despesas obrigatórias a partir de 2027, e deteriorações fiscais do curto prazo não afetam a percepção do mercado.
Bittencourt adverte que, se medidas que impactem a dívida a longo prazo forem aprovadas, isso poderá deteriorar ainda mais os preços dos ativos. Volatilidade nos preços é comum devido ao “risco eleitoral”. A fraqueza da oposição reduz a probabilidade de um ajuste fiscal, impactando negativamente os preços.