Mudança no IR reduz desigualdade, aumenta consumo e ajuda popularidade de Lula? Analistas respondem
Reforma do Imposto de Renda proposta por Lula visa isentar rendas mensais de até R$ 7 mil, mas gera preocupações sobre impacto na desigualdade e na arrecadação. Especialistas alertam que mudanças podem não reverter a queda de popularidade do governo em um cenário econômico desafiador.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Congresso Nacional uma proposta de reforma do Imposto de Renda para isentar quem ganha até R$ 5 mil mensais.
Trabalhadores com renda de até R$ 7 mil também terão benefícios, pagando menos tributos.
A proposta, uma promessa de campanha de Lula, pode entrar em vigor em 2026, ano das eleições.
A reforma prevê tributação mínima para alta renda, incluindo dividendos, atualmente isentos. Embora a isenção reduza a desigualdade, especialistas apontam que terá efeito limitado no consumo.
Marcelo Neri, da FGV Social, afirma que a medida é complexa para aprovação e não otimizaria a popularidade do governo, hoje em queda, devido à inflação de alimentos e o cenário externo.
Guilherme Klein sugere que focar apenas em impostos sobre os ricos teria um efeito mais significativo.
Efeito limitado: segundo Neri, a renúncia fiscal de R$ 27 bilhões não impactará os mais pobres, e Walter Maciel menciona que a inflação de alimentos continuará afetando a renda da população.
Klein observa que o impulso fiscal seria notado em 2026, com um cenário econômico mais controlado.
Porém, a arrecadação será menor do que o previsto em novembro de 2024, por causa de mudanças na tributação.
Carlos Melo prevê dificuldades na tramitação da cobrança dos ricos no Congresso.
A impopularidade do governo deve-se a múltiplos fatores, como cansaço do eleitorado e a inflação.
Segundo Sérgio Gobetti, a exclusão de rendimentos isentos pode ter reduzido a arrecadação potencial, ressaltando que só os dividendos acima de R$ 600 mil somaram R$ 490 bilhões em 2022.
As mudanças no IR, inicialmente anunciadas em novembro, foram formalizadas em um momento de baixa popularidade do presidente, priorizando medidas para agradar a classe média.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, confirmou que a proposta terá prioridade na Casa.
Com a reforma, 90% dos brasileiros que pagam IR, equivalente a mais de 90 milhões de pessoas, estará na faixa de isenção total ou parcial.
Dez milhões de contribuintes deixarão de pagar Imposto de Renda a partir de 2026.