Mudanças de Milei no câmbio geram onda de calotes de empresas na Argentina
A implementação das reformas de Milei estabilizou o mercado cambial, mas gerou uma onda de calotes corporativos que afeta empresas de diversos setores. A nova lógica financeira impulsionou o aumento de juros e dificultou o acesso ao crédito, resultando em um cenário desafiador para os negócios na Argentina.
Reformas de Javier Milei estabilizam o mercado cambial argentino, mas resultam em calotes corporativos crescentes.
Empresas em dificuldade: Muitas já estão inadimplentes, não conseguem pagar títulos e empréstimos. Os custos de captação aumentam, especialmente para as que dependem do peso.
Mais de seis empresas entraram em default ou renegociaram dívidas neste ano, incluindo a Grupo Albanesi, que já tinha problemas financeiros antes das reformas.
Sinais de estresse: Balanços em setores como agricultura, energia e manufatura mostram dificuldades financeiras, segundo Ezequiel Fernández, da Balanz Capital.
Fernández comenta que mudanças de regime criam vencedores e perdedores e que uma certa destruição criativa é necessária para a recuperação.
Nova lógica financeira: As empresas não conseguem mais se beneficiar dos controles cambiais. Antes, emitiam títulos indexados ao dólar, mas o novo regime reduziu o apetite por esses instrumentos.
- Taxas de juros dos títulos: Chegaram a 11% no primeiro trimestre de 2025, comparadas a 5% no ano anterior.
- Vendas de títulos: Caíram para US$ 2 milhões, contra US$ 165 milhões em 2024.
- Emissões de títulos: Aumentaram para US$ 1,1 bilhão, com taxas estáveis em 6%.
José Antonio Molino, da Moody’s, destaca que o número de defaults é o maior desde a pandemia, com oito casos desde novembro.
Impacto da austeridade: As margens das empresas, especialmente no setor manufatureiro, estão sendo comprimidas. A alta do peso tem gerado concorrência desleal.
Empresas com classificação A+.ar ou inferior enfrentam os maiores riscos de refinanciamento, com baixa liquidez prevista para os próximos 12 a 18 meses.
O Ministério da Economia da Argentina não se manifestou sobre a situação.