Mundo intensifica leilões para exploração de petróleo, diz estudo da EPE
Estudo revela que a busca por novas reservas de petróleo está aumentando, impulsionada pela necessidade de segurança energética em um cenário geopolítico desfavorável. Apesar das preocupações ambientais, 27 países programaram licitações para exploração este ano, refletindo uma recuperação nos investimentos do setor.
Estudo da EPE indica que o mundo intensifica a busca por novas reservas de petróleo, apesar dos alertas sobre combustíveis fósseis e mudanças climáticas.
A estatal detectou que 27 países programaram licitações de novas áreas exploratórias em 2024, com investimentos se recuperando da queda da pandemia e atingindo níveis de 2019.
A diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges, afirma que a estratégia global é retornar à exploração de petróleo em um cenário geopolítico complexo.
A crescente busca por reservas é associada à necessidade de segurança energética, intensificada pela guerra na Ucrânia e riscos no suprimento de energia na Europa.
Organizações ambientalistas e cientistas argumentam que é vital reduzir o consumo de combustíveis fósseis para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, tema que será debatido na COP30 em Belém.
Entre os 27 países com leilões programados, destacam-se Tanzânia e Líbia, que estavam inativos há mais de uma década, além de Noruega e Suriname, que atraíram investimentos.
O Brasil realizará um leilão em junho e planeja outro para 2025 no pré-sal. Contudo, enfrenta dificuldades na obtenção de licenças ambientais e limita-se a reservas conhecidas.
Os investimentos em exploração no mundo cresceram para US$ 576 bilhões em 2024, a segunda maior cifra em dez anos, atrás de 2018.
A EPE defende a exploração da margem equatorial, apesar das resistências ambientais, argumentando que, sem novas descobertas, o Brasil perderá a autossuficiência.
"O petróleo que eu vou precisar em 2035, eu preciso contratar hoje", disse Heloísa em evento no Rio de Janeiro.
O setor sustenta que o petróleo brasileiro é menos poluente e que sua substituição teria maiores impactos climáticos. O Brasil é o sétimo maior exportador mundial, com mais da metade de sua produção vendida ao exterior.
"Se eu parar de produzir, o japonês não necessariamente vai parar de consumir, ele vai importar de outro lugar", afirmou Maurício Tolmasquim, diretor de Transição Energética da Petrobras.