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Não é hora de rupturas: precisamos negociar com os EUA até o fim

Brasil deve priorizar negociações com os EUA para evitar danos ao comércio e à economia nacional. A aposta na China como alternativa é arriscada e desconsidera a complexidade das cadeias produtivas entre os dois países.

Tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos elevam a tentação de alguns setores de focar na China como alternativa de mercado.

No entanto, essa mudança ignora riscos profundos, compromete empregos e desorganiza cadeias produtivas. O Brasil deve negociar com os EUA até o fim, pois os prejuízos do novo cenário tarifário ainda são significativos.

A relação Brasil-EUA, construída ao longo de décadas, é mais que volume de exportações; inclui confiança mútua e integração produtiva. Uma tarifa de 50% nos produtos brasileiros impactaria negativamente um comércio que movimentou US$ 92 bilhões em 2024.

Além disso, em 2024, os EUA tiveram superavit de US$ 7,4 bilhões com o Brasil, desmentindo argumentos de desequilíbrio na balança comercial. Desde 2009, eles acumulam superavit superior a US$ 90 bilhões nas trocas.

Mais de 33% da corrente de comércio entre os dois países é realizada por empresas de um mesmo grupo econômico, principalmente em setores como tecnologia e energia.

Retaliações seriam prejudiciais ao Brasil, que é mais vulnerável nessa relação. Os EUA são o maior investidor estrangeiro direto no Brasil e o principal comprador de produtos manufaturados, que geram emprego e inovação.

Os setores mais afetados pelas tarifas incluem indústria de alimentos, carne bovina e cafeicultura, com empresas já enfrentando cortes e demissões.

A China, apesar de ser um mercado crescente e importante, não pode simplesmente substituir os EUA. Em 2023, o investimento direto chinês chegou a US$ 45,3 bilhões, mas ainda é concentrado em setores específicos.

Cerca de 75% das exportações brasileiras para a China são commodities, que não garantem parcerias duradouras. Negociar com os EUA e manter o comércio bilateral é a solução estratégica.

A atual fase exige equilíbrio, diálogo e uma visão de longo prazo. As autoridades brasileiras demonstraram iniciativa ao manter conversas com os EUA, sinalizando abertura para negociações.

É essencial que o Brasil permaneça firme nas negociações até o fim, priorizando a diplomacia e a manutenção de fluxos de investimentos.

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