"Não estamos conseguindo dialogar com a nova classe trabalhadora", diz presidente do PT

Edinho Silva, presidente nacional do PT, reconhece que o partido enfrenta dificuldades em dialogar com a nova classe trabalhadora, em entrevista à BBC News Brasil. A declaração chega em um momento em que o PT, historicamente ligado ao movimento sindical, busca modernizar suas propostas.

Aos 60 anos, Edinho assumiu a liderança do PT em julho, sendo considerado um aliado próximo de Lula. Ele aponta a necessidade de se adaptar à nova realidade do mercado de trabalho, que inclui trabalhadores informais como motoristas de aplicativo e moto-entregadores.

Ele critica a crescente influência do Congresso Nacional sobre o orçamento, apontando que cerca de R$ 52 bilhões são geridos por emendas parlamentares, o que “descaracteriza o presidencialismo”. Apesar da recuperação em 2024, com o número de prefeituras aumentando de 183 para 252, o partido só controlou uma capital, Fortaleza.

Edinho expressou confiança de que Lula será um forte candidato em 2026, apesar das dificuldades atuais, e ressaltou que o partido precisa entender os anseios da nova classe trabalhadora, formada por profissionais informais que não se identificam com o modelo tradicional de trabalho. Ele sugere o uso de cooperativas como forma de apoio a esses trabalhadores.

Ele também reconhece problemas de comunicação do PT com a comunidade evangélica e critica a polarização política que dificulta o diálogo, destacando a importância de entregar resultados e reafirmar os valores do partido.

Sobre a segurança pública, Edinho propõe um envolvimento maior do PT no debate, defendendo o uso de novas tecnologias e a proteção de adolescentes em conflito com a lei.

Ao finalizar, Edinho garante que o PT está preparado para o futuro, enfatizando a importância de fortalecer a base do partido para garantir a continuidade de sua liderança e influência política.