‘Não existe uma nova ordem, há apenas um novo caos’
Yuval Harari alerta para o caos na ordem global e os riscos da inteligência artificial para a democracia. Em entrevista, ele discute a degradação das normas internacionais e a necessidade de regulamentação das big techs.
Yuval Harari, historiador israelense, é um dos pensadores mais influentes atuais, conhecido por seus livros que tornam conceitos complexos acessíveis. O primeiro, Sapiens (2011), vendeu 25 milhões de cópias. Outros best-sellers incluem Homo Deus (2015) e 21 lições para o século XXI (2018). Sua nova obra, Nexus (2024), explora as redes de informação desde a Idade da Pedra até a IA.
Durante o lançamento do SP2B Beyond Business, evento de inovação em São Paulo, Harari discutiu o estado atual do comércio global, enfatizando que não há uma nova ordem, mas sim um novo caos, fruto de líderes que destroem a ordem liberal sem oferecer alternativas.
Harari criticou líderes como Donald Trump por não acreditarem em leis e normas internacionais, o que facilita invasões como a da Rússia à Ucrânia. Ele destacou que, se o tabu da conquista imperial for quebrado, a insegurança global aumentará.
Sobre o Brasil, Harari espera que o país use sua influência para condenar a agressão russa. Ele acredita que países devem se unir para estabelecer regras no comércio global, evitando a manipulação dos EUA.
A inteligência artificial (IA) é vista como uma transformação enorme, podendo levar à dominação militar e econômica por superpotências, principalmente os EUA e a China.
Em relação às redes de informação, Harari explicou que a dinâmica entre democracia e ditadura está mudando. As ditaduras podem agora utilizar algoritmos para controlar informações, enquanto as democracias enfrentam desafios com fake news e desinformação.
Harari alertou que a IA pode potencialmente destruir a democracia, pois a tecnologia da informação é fundamental para sua existência. Mudanças nesse campo afetam as conversas e decisões coletivas.
Por fim, ele se opôs à auto-regulação das Big Techs, afirmando que é crucial regular algoritmos, que espalham desinformação amplamente. Humanos têm liberdade de expressão, mas algoritmos não devem ser tratados da mesma forma.