'Não havia comida quando dei à luz': desnutrição avança em Gaza no terceiro mês de bloqueio israelense
Crianças em Gaza enfrentam desnutrição severa devido ao bloqueio israelense, que impede a entrada de alimentos essenciais. A situação crítica da bebê Siwar Ashour ilustra o impacto devastador da guerra na população civil.
Menina de cinco meses luta contra a desnutrição em Gaza
No hospital Nasser, Siwar Ashour, uma bebê de cinco meses, está com dificuldades para chorar devido à desnutrição, pesando apenas 2 kg devido à escassez de alimentos causada pelo bloqueio israelense.
Sua mãe, Najwa, de 23 anos, expressa preocupação em relação ao que acontecerá quando deixar o hospital, uma vez que há falta de leite em pó específico para a bebê.
O médico, Ziad al-Majaida, alerta que a falta de suprimentos e o fechamento das fronteiras colocam a vida de Siwar em risco.
Desde o início do ano, a ONU reporta cerca de 10 mil casos de desnutrição aguda em crianças, enquanto o preço dos alimentos disparou em até 1400%.
Vinte e cinco padarias em Gaza foram fechadas. Cozinhas solidárias, como a do grupo juvenil Shabab Gaza, enfrentam dificuldades com saques e falta de suprimentos. Mohammad Abu Rjileh diz que, se a situação não mudar, as cozinhas poderão fechar.
No contexto do bloqueio, o governo israelense cortou toda ajuda humanitária, afirmando que a medida visa pressionar o Hamas a libertar os 59 reféns. A ONU classifica isso como uma punição coletiva e afirma que Israel deve permitir ajuda humanitária. Em contrapartida, Israel nega a existência de uma crise humanitária.
Trocas de acusações entre Israel, Hamas e a Autoridade Palestina aumentam, com o Hamas sendo acusado de desviar a ajuda. Relatos de saques por gangues armadas complicam a situação, enquanto a ordem social em Gaza entra em colapso.
O governo israelense planeja intensificar a ofensiva militar, mas a ONU e agências humanitárias se opõem a planos que incluam a militarização da distribuição de ajuda, alegando isso como uma politicização da assistência humanitária.