'Não se rendia nunca': os bastidores da última turnê de Cazuza
Relembrando a memorável turnê "O Tempo Não Para", que marcou a trajetória de Cazuza, o cantor enfrentou desafios e emoções intensas enquanto se despedia do público. A turnê, que ocorreu em meio ao seu tratamento contra a Aids, tornou-se um marco na música brasileira e na luta pela visibilidade da doença.
Em outubro de 1987, Arnaldo Brandão visitou Cazuza em sua cobertura na Lagoa (RJ). Com uma fita cassete, Brandão apresentou sua nova canção, que inspirou Cazuza a criar uma canção de protesto. Uma semana depois, Cazuza viajou a Boston para iniciar tratamento para Aids, diagnosticado em abril de 1987.
Após a visita, Brandão recebeu uma ligação de Ezequiel Neves, produtor do Barão Vermelho, que ditou os versos de O Tempo Não Para. Brandão emocionou-se ao escrever a letra, lembrando que, nos shows, tocava de forma diferente para não chorar.
O show de encerramento do álbum Ideologia (1988) foi marcante: Cazuza cantou O Tempo Não Para e Faz Parte do Meu Show. A turnê, com 42 shows, começou em agosto de 1988 e terminou em janeiro de 1989, passando por 12 cidades.
Musicalmente, Cazuza interpretou faixas de seus álbuns anteriores e apresentou canções inéditas. O especial da Globo, Uma Prova de Amor, destacou colaborações com outros artistas, gerando polêmicas, como a cuspidela na bandeira brasileira durante um show.
Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, acompanhou a turnê e enfrentou momentos difíceis, mas apoiava seu filho. Cazuza ficou conhecido por seus escândalos, mas também teve encontros emocionantes, como com Gilberto Gil e Caio Fernando Abreu.
Na turnê, Cazuza lidou com sua saúde frágil, tendo desmaios e complicações devido à medicação. A turnê O Tempo Não Para terminou em janeiro de 1989, e poucos meses depois, Cazuza gravou seu último disco, Burguesia.
Cazuza faleceu em julho de 1990, aos 32 anos. Sua lápide traz a frase "O tempo não para", representando seu legado na música brasileira.