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'Narcas' traça perfil de mulheres no narcotráfico na América Latina

Deborah Bonello, jornalista britânica radicada no México, lança livro que revela a força e a complexidade das mulheres no narcotráfico, desafiando estereótipos de gênero. "Narcas" traz histórias de mulheres que, longe das narrativas tradicionais, dominam o crime organizado na América Latina.

Deborah Bonello, jornalista com origens maltesa e inglesa, traz à tona o universo feminino do narcotráfico no livro Narcas, recém-publicado no Brasil. A obra explora histórias de mulheres que controlam redes de tráfico na América Central.

Bonello defende que a documentação do crime organizado é predominantemente masculina e que há uma necessidade de destacar as vozes femininas. Essas mulheres, muitas vezes donas de casa, rompem estereótipos, envolvendo-se em atividades criminosas.

Uma das figuras estudadas é Digna Valle, que controlava uma cidade em Honduras, criando um esquema quase feudal enquanto permitia a violência de narcotraficantes. Bonello critica a representação de mulheres como "buchonas", apontando que muitas se escondem atrás de estereótipos para operar no tráfico de drogas.

A jornalista, com 20 anos de experiência, argumenta que é um erro ver as mulheres apenas como reflexo de valores sociais, reconhecendo que muitas atuam violentamente por vontade própria. Os fatores que as levam ao narcotráfico, como necessidade econômica, são semelhantes aos dos homens, embora as oportunidades sejam desiguais.

Bonello também discute a arma de fogo como uma ferramenta de equidade de gênero em um mundo de violência desigual, afirmando que o uso de armas não é limitado por capacidades físicas. Embora ainda não tenha abordado o narcotráfico no Brasil, ela considera explorar isso em projetos futuros.

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