Negociação do tarifaço precisa ocorrer fora do campo político, diz ex-assessor de Obama
Ricardo Zúñiga defende que qualquer negociação sobre tarifas deve focar em interesses comerciais, não políticos. Ele acredita que a falta de comunicação entre os governos impede um relacionamento produtivo e aponta a necessidade de envolvimento de grandes empresas para mitigar os impactos das tarifas.
Ricardo Zúñiga, ex-conselheiro do governo Barack Obama, falou à Folha sobre as tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil, ressaltando a necessidade de negociação comercial no lugar de política.
Ele afirmou que os EUA nunca desejaram um relacionamento "normal" com a gestão Lula e que exigências do governo Trump, como anistia a Jair Bolsonaro, estão fora de questão para o Brasil.
Zúñiga previu a imposição das tarifas e acredita que a política é o principal fator por trás delas, sendo uma "sinalização política" e não meramente comercial.
Sobre uma possível retaliação ou recuo das tarifas, ele afirmou que, ao contrário de outros países, a relação EUA-Brasil é menos ligada a interesses econômicos e mais a questões políticas.
- Zúñiga destacou a importância de empresas de setores como tecnologia, aviação e agricultura para interceder em favor da manutenção do relacionamento comercial.
- Ele também enfatizou que o Brasil está acostumado a lidar com conflitos comerciais, o que pode ser vantajoso na negociação.
O ex-diplomata não acredita que decisões judiciais nos EUA tenham um grande efeito sobre as tarifas, dado o contexto político que envolve a situação. Ele alertou sobre possíveis consequências econômicas, como elevação nos preços de combustível de aviação e impacto na inflação brasileira.
Zúñiga acredita que a falta de comunicação entre os governos ajudou o Brasil a evitar tarifas mais severas inicialmente. Ele vê uma evolução do cenário, com a possibilidade de modificações nas tarifas, dependendo da reação de setores privados.
Ricardo Zúñiga é ex-diplomata dos EUA e sócio-fundador da consultoria Dinámica Americas. Ele ocupou cargos importantes no governo americano e é especialista em assuntos latino-americanos.