Negociação em dólar e falta de trabalhadores: como a emigração remodela a economia do leste de Minas
Governador Valadares se torna epicentro do sonho americano, impulsionando a economia local com remessas em dólar. Apesar do aumento de recursos, a falta de desenvolvimento e mão de obra qualificada desafia a região.
Governador Valadares vive uma realidade singular: carretas de som anunciam a cotação do dólar na cidade, onde a moeda americana é crucial na economia local, principalmente em negociações imobiliárias.
O interesse pelo dólar remonta há mais de 80 anos, quando os primeiros americanos introduziram a moeda aos valadarenses. Nos anos 1980, os emigrantes enviavam remessas para construir ou reformar casas, mas essa dinâmica mudou com a migração em massa para os EUA.
Cerca de 2 milhões de dólares circulam diariamente em Governador Valadares, mas este dinheiro não resulta em desenvolvimento efetivo. A falta de conhecimento e o uso inadequado dos recursos dificultam o progresso econômico, conforme relata Antônio Linhares Borges da ONG CIAAT.
O fenômeno migratório afeta, de forma acentuada, cidades menores como Alpercata, onde recursos do exterior provocam agitação no comércio local. O prefeito Rafael França nota mudanças visíveis nas construções e na economia local.
No entanto, crises econômicas, como a de 2008, mostram que as cidades que dependem do envio de remessas são as primeiras a sentir os efeitos. A falta de mão de obra especializada é outro impacto, com muitos profissionais qualificados migrando para os EUA.
Os prefeitos de ambas as cidades apontam a baixa remuneração local como um fator que impulsiona a migração. O PIB dos EUA é significativamente maior, dificultando a competição por profissionais qualificados.
Por fim, especialistas enfatizam que a emigração reflete um complexo de inferioridade, onde muitos desvalorizam o potencial local. É necessário valorizar as oportunidades presentes na região para evitar o êxodo e promover o desenvolvimento econômico.