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‘Ninguém quer filhos no Exército’: os desafios da Alemanha para aumentar efetivo militar

Governo enfrenta resistência cultural e escassez de voluntários para expandir as Forças Armadas. Debate sobre reintrodução do serviço militar obrigatório ganha força diante da necessidade de aumentar o efetivo.

A Alemanha deseja ampliar suas Forças Armadas devido à ameaça russa e ao possível recuo do apoio dos Estados Unidos, mas enfrenta resistência da população jovem e dificuldades no recrutamento.

Durante um evento em Rüthen, mães e pais criticaram propaganda militar para crianças, afirmando: "Ninguém quer seus filhos no Exército". Apenas 17% dos alemães estariam dispostos a defender o país em caso de ataque.

O ministro da Defesa, Boris Pistorius, considera reintroduzir o serviço militar obrigatório, caso as metas de recrutamento não sejam alcançadas. A meta é aumentar o efetivo da Bundeswehr de 182 mil para 203 mil soldados até 2030, mas especialistas consideram isso modesto e ambicioso.

Desde o fim da Guerra Fria, as Forças Armadas foram reduzidas, e o serviço militar obrigatório foi suspenso em 2011. A falta de contato com o Exército torna difícil para os jovens entenderem a importância de uma força defensiva eficaz.

A Bundeswehr enfrenta concorrência do setor privado e dificuldades de infraestrutura, com custos de modernização estimados em US$ 76 bilhões. Culturalmente, muitos jovens rejeitam a ideia de portar armas.

Para atrair novos talentos, a Bundeswehr tem comparecido a eventos locais e reforçado sua presença nas redes sociais. No último ano, houve um aumento de 18,5% nas candidaturas, mas cerca de um quarto desiste durante o treinamento. O governo estima que perde, em média, 20 mil soldados por ano por aposentadoria.

Se o recrutamento falhar, o serviço militar obrigatório poderá ser reintroduzido. O tema gera divisões entre os partidos da base do governo, com apoio da CDU e resistência do SPD. No momento, todos os homens de 18 anos são avaliados para a aptidão ao serviço militar, com mulheres tendo a opção de se alistar voluntariamente.

Segundo Norbert Röttgen, da CDU, é essencial agir rapidamente, afirmando que não há tempo a perder para encontrar alternativas efetivas.

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