No fio da Navalha
Governo brasileiro busca estratégias diplomáticas para mitigar impacto da sobretaxa americana em produtos nacionais. A ausência de retaliações diretas levanta questionamentos sobre a abordagem escolhida diante do conflito comercial.
Em 10 de agosto, iniciou-se a sobretaxa americana sobre a importação de produtos brasileiros, com aumentos de até 50% em alguns itens, afetando especialmente aço semiacabado, alumínio, etanol e produtos químicos.
O governo brasileiro anunciou medidas para lidar com as tarifas, sem retaliar diretamente. Uma pesquisa de opinião indicou que 53% dos entrevistados acreditam que Lula deveria reagir proporcionalmente às tarifas de Trump.
A decisão de não retaliar deve-se a conceitos de negociação, conforme ensinado por autores renomados como Deepak Malhotra e Roger Fisher. Avaliar a situação de ambos os lados é crucial para entender as consequências de um acordo ou a falta dele.
Mesmo com a inflação causada pela sobretaxa nos EUA, o impacto para eles é menor do que para o Brasil. O arsenal de contramedidas dos EUA é muito mais forte, e retaliar pode agravar nossa situação.
Alternativas, como taxar produtos americanos ou suspender patentes, podem trazer mais prejuízos do que benefícios a longo prazo.
A disputa também afetou o ambiente político, e as reclamações na OMC não garantem negociações. O Brasil precisa construir canais de comunicação com os EUA, recompor laços diplomáticos e alinhar interesses entre setor público e privado.
Se não houver ação, o Brasil ficará vulnerável a decisões unilaterais e perderá relevância no cenário mundial.
Essa coluna inaugura um espaço mensal no jornal O GLOBO para discutir temas nacionais.