Nós contra nós
Apesar dos sinais positivos na economia brasileira, a falta de responsabilidade fiscal e diálogo político ameaça o progresso a longo prazo. A superação dos desafios fiscais requer uma mudança de mentalidade e um compromisso coletivo em busca de reformas estruturais.
O Brasil está indo bem, apesar das tensões políticas e desafios. Indicadores mostram que a economia brasileira resiste melhor do que o esperado.
A inflação está sob controle e o crescimento é modesto, mas positivo. O mercado de trabalho continua a criar vagas. No entanto, é um erro confundir alívio momentâneo com uma solução definitiva.
As expectativas inflacionárias para 2025 são de 5,21% e para 2026 de 4,80%, acima da meta, mas dentro da zona de tolerância. Isso reflete uma confiança moderada na política monetária. Contudo, essa confiança pode se desfazer sem uma âncora fiscal clara.
O Banco Central pode controlar a inflação, mas a falta de responsabilidade fiscal aumenta o custo para manter preços sob controle, resultando em juros altos e desconfiança.
O problema fiscal é crônico e demanda mais do que medidas pontuais. A dívida pública cresce e as despesas obrigatórias compõem o orçamento.
A armadilha do "nós contra eles" dificulta as reformas necessárias. O Executivo precisa do Congresso para reequilibrar as contas, o que requer diálogo e concessões.
O futuro do Brasil está em jogo. O verdadeiro embate é nós contra nós mesmos: nossas contradições e a incapacidade de pactuar soluções duradouras.
O episódio do IOF ilustra que sem uma base sólida, propostas até populares podem ser barradas. A responsabilidade fiscal exige esforço conjunto.
O governo deve convencer e negociar. O Congresso precisa entender que a inércia traz custos para todos. A sociedade deve ver as reformas como coletivas e não somente como algo que afeta “o outro”.
O futuro exige responsabilidade: união e visão de longo prazo são essenciais para que o Brasil deixe de ser um país de potencial eterno e realize o que já pode alcançar.