Novo patamar sanitário ajuda abertura de mercados para a carne brasileira
Brasil busca finalizar negociações para exportação de carne bovina ao Japão, encerrando um impasse de 30 anos. A queda das barreiras sanitárias e o reconhecimento da qualidade do produto brasileiro fortalecem as expectativas de sucesso nas negociações.
A abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira é uma grande expectativa do setor, com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão.
Esse processo, aguardado há 30 anos, está avançando: as barreiras sanitárias estão caindo e o Brasil melhorou sua qualidade de carne.
Pedro de Camargo Neto, que já abriu o mercado japonês para carne suína, afirma que a mudança no quadro sanitário do Brasil, agora em aprovação na Organização Mundial de Saúde Animal, facilitará negociações, não apenas com o Japão, mas também com a União Europeia.
O Brasil solicitou status de livre de febre aftosa sem vacinação, e o resultado deve sair em maio.
Roberto Perosa, presidente da Abiec, afirma que todas as questões técnicas com o Japão foram resolvidas, restando uma posição política do governo japonês.
O Japão é o terceiro maior importador de carne bovina do mundo, consumindo 720 mil toneladas anuais, e atualmente a Austrália e os EUA dominam o fornecimento.
O Brasil é competitivo em quantidade e qualidade, possibilitando o fornecimento de 80 mil a 100 mil toneladas em curto prazo.
O mercado internacional de carnes enfrenta mudanças, com a queda do rebanho americano e aumento de preços, enquanto o Brasil está fora de 30% do mercado que melhor remunera as carnes.
A abertura no Japão poderia facilitar acessos a outros mercados asiáticos, como Vietnã, Coreia do Sul, Turquia e Taiwan.
Entretanto, a habilitação dos frigoríficos demanda tempo e a situação sanitária é constantemente avaliada.
O Brasil, que em 2022 produziu 10,2 milhões de toneladas de carne bovina, com um aumento de 14% em relação a 2021, também deve considerar recorrer à OMC contra países que mantêm restrições.
As exportações em 2022 foram de 2,89 milhões de toneladas, gerando receitas de US$ 12,87 bilhões.