O beijo do pai e o olhar doce da mãe
Reflexões sobre o amor familiar e a importância dos gestos afetuosos marcam a memória de uma infância repleta de carinho. O relato revela como as lições de vida e o humor moldaram o caráter e a felicidade ao longo dos anos.
“O beijo não vem da boca.” –Ignácio de Loyola Brandão
No interior de Minas Gerais, minha adolescência era marcada por emoções simples, como receber amigos e parentes nas férias. Com os primos paulistas, divertíamo-nos montando em bezerros.
Uma das maiores alegrias era a chegada de meninas da cidade. Certa vez, conheci a mais bonita de todas. Para impressioná-la, levei-a ao único prédio da cidade para “andar de elevador”, mas fiquei embaraçado ao saber que ela morava no 29º andar de um apartamento em São Paulo.
Após essa experiência, namoramos durante as férias. Minha casa em Patos de Minas sempre foi cheia de amor, alegria e humor.
Um amigo ficou surpreso ao ver a interação carinhosa entre meu pai e eu. Ele disse que nunca tinha beijado o pai. Essa triste constatação me impactou profundamente.
Ao longo da vida, enfrentei dificuldades, mas sempre com humor. Quando mudamos para uma casa menor, meu pai disse que isso nos aproximaria. Com muitos carinhos e histórias, nossa vida seguiu.
Anos depois, meu pai, já com 85 anos, foi ao hospital e não voltou. Essa perda levou parte da nossa alegria. A vida ficou menos colorida sem seus beijos amorosos.
Com o tempo, transferimos nossos sentimentos para minha mãe, que, aos 96 anos, vive um estado de leveza e felicidade, mesmo com o alheamento. Manter o bom humor e interagir ocasionalmente quando recebo um beijo carinhoso dela ainda traz felicidade.
Sempre juntos, mesmo com sua abstração, o carinho dela me emociona. Os olhos dela e o silêncio amoroso revelam sua felicidade, onde o beijo母dal garante uma conexão indescritível.
Como já disse Pessoa: “Há tanta suavidade Em nada se dizer e tudo se entender.”