O 'Bolsa Família' do Japão que ampara idosos brasileiros e é criticado por opositores

Yoshio, um paulista de 80 anos, enfrentou um acidente de trânsito que destruiu suas economias em seis meses, deixando-o sem acesso à aposentadoria no Japão. Ele recorreu ao Seikatsu Hogo, um programa de assistência social.

O Japão, envelhecendo rapidamente, vê a concessão de assistência social a estrangeiros cercada de xenofobia. Durante as eleições de julho, surgiram alegações falsas de que 33% dos beneficiários do Seikatsu Hogo eram estrangeiros, mas dados oficiais mostram que apenas 2,9% são de não japoneses.

Grupos como os zainichi, descendentes de coreanos, enfrentam desafios semelhantes por falta de apoio. O professor Edson Urano destaca a importância de discutir a situação social com dados confiáveis para combater a desinformação.

Com mais de 3 milhões de estrangeiros no Japão, a maioria não contribui para o sistema previdenciário. O acordo previdenciário entre Brasil e Japão, em vigor desde 2010, permite a soma de contribuições, mas muitos ainda não são informados sobre seus direitos.

A história de Antonio, de 78 anos, exemplifica essa realidade. Ele e sua esposa, uma colombiana, dependem do Seikatsu Hogo para sobreviver, mas o benefício não é suficiente para cobrir a inflação.

A NPO Smile Arigato atua como banco de alimentos, atendendo estrangeiros vulneráveis, principalmente brasileiros. A resistência à inclusão dos estrangeiros na sociedade japonesa é evidente, e o governador de Shizuoka defendeu uma mudança de postura. Entretanto, sua proposta enfrentou forte oposição.

Enquanto o debate continua, histórias como a de Yoshio e Antonio permanecem invisíveis, refletindo a luta por dignidade e reconhecimento no Japão.