O 'Bolsa Família' do Japão que ampara idosos brasileiros e é criticado por opositores
Idosos estrangeiros no Japão enfrentam vulnerabilidade e preconceito ao buscar assistência social. Apesar de contribuírem para a economia local, muitos se tornam alvos de discursos xenófobos e desinformação.
Yoshio, 80 anos, filho de imigrantes japoneses, trabalhou no Japão por mais de três décadas.
Após um acidente de trânsito e sérios custos hospitalares, viu suas economias desaparecerem em seis meses.
Sem familiares próximos e sem aposentadoria, recorreu ao Seikatsu Hogo, programa de assistência social japonês semelhante ao Bolsa Família.
O Japão enfrenta crescimento populacional e necessidade de trabalhadores estrangeiros, mas a assistência a não japoneses é alvo de xenofobia e desinformação.
Durante as eleições para a Câmara Alta, informações falsas indicaram que 33% dos beneficiários do Seikatsu Hogo eram estrangeiros, alimentando discursos de ódio.
No entanto, dados oficiais mostram que apenas 2,9% dos beneficiários eram estrangeiros.
Muitos estrangeiros, como os zainichi (descendentes de coreanos), envelheceram sem suporte ou aposentadoria.
O professor Edson Urano pede uma discussão social baseada em dados, não em fake news.
Nos últimos anos, a população estrangeira no Japão superou 3 milhões, com brasileiros representando 5,6% desse grupo.
O acordo previdenciário entre Brasil e Japão permite a soma do tempo de contribuição, mas muitos desconhecem seus direitos.
Antonio, 78 anos, parou de trabalhar sem saber dos direitos trabalhistas e hoje vive com a esposa em abrigo, recebendo Seikatsu Hogo.
A organização NPO Smile Arigato atua como banco de alimentos, atendendo 450 famílias por mês, 70% delas brasileiras.
Antonio critica a percepção de que estrangeiros exploram o país, enquanto o governador Yasutomo Suzuki defende integração e políticas de inclusão.
A proposta de Suzuki enfrenta resistência, com alegações de que é injusto usar impostos para apoiar estrangeiros.
As histórias de vida de Yoshio, Antonio e sua esposa representam realidades invisíveis no Japão.
Hoje, eles dependem da comunidade e assistência social, pedindo apenas para não serem esquecidos.