O dia que o Brasil fechou um acordo nuclear com o Irã
A nova escalada de tensões entre Israel e Irã revive discussões sobre o fracassado acordo nuclear mediado por Brasil e Turquia. Especialistas analisam os impactos dessa iniciativa na imagem diplomática brasileira e as reações das potências ocidentais.
Irã e Israel em Conflito Nuclear: Em 12 de junho, Israel iniciou ataques ao Irã, alegando a suspeita de que o país persa estaria perto de produzir armas nucleares.
A preocupação internacional sobre as intenções nucleares do Irã é antiga, mas Teerã defende que busca tecnologia apenas para fins pacíficos.
Histórico Diplomático: Em 2010, Brasil e Turquia mediaram um acordo nuclear com o Irã, que foi celebrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um sucesso.
O acordo previa a entrega de 1,2 tonelada de urânio de baixo enriquecimento à Turquia, em troca de combustível para um reator nuclear em Teerã. A proposta foi apoiada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A Casa Branca reconheceu os esforços, mas levantou desconfianças sobre o compromisso do Irã. As potências ocidentais queriam que o país enviasse seu urânio para ser enriquecido no exterior, resultando na rejeição ao acordo.
No mesmo ano, novas sanções foram impostas ao Irã, com votos contrários de Brasil e Turquia.
Críticas à Diplomacia: Após o fracasso, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, acusou os EUA de não aceitarem um "sim". O analista Trita Parsi destacou que o Brasil e a Turquia conseguiram o que grandes potências não conseguiram, mas foram desautorizados.
A iniciativa brasileira visava posicionar o Brasil como um ator global e defensor da paz, mas revelou-se problemática devido à desconfiança das potências ocidentais e ao momento político desfavorável.
A conclusão é que, embora o Acordo de Teerã representasse diplomacia ativa, não conseguiu mudar o rumo das relações internacionais e a influência brasileira em questões sensíveis.