O futuro do petróleo no Brasil

Descoberta da BP no início de agosto marca a maior descoberta de petróleo e gás nos últimos 25 anos. A empresa atingiu o reservatório no bloco Bumerangue, na Bacia de Santos, a 5.855 metros de profundidade, com uma coluna de hidrocarbonetos estimada em 500 metros e área superior a 300 km².

A BP iniciou análise laboratorial e avaliações que dependem de aprovação regulatória. Apesar do alto potencial, fatores como o percentual de dióxido de carbono e preços futuros do barril podem impactar a viabilidade da exploração.

A descoberta reforça a posição do Brasil no setor global de óleo e gás, mas também levanta questões sobre a política de exploração e produção (E&P) no país. A BP adquiriu o bloco em 2022 com 100% de participação, ressaltando a necessidade de um ambiente regulatório estável e competitivo.

A EPE projeta que a produção brasileira atinja o pico de 5,3 milhões de barris/dia até 2030, mas que caia pela metade até 2040 e se aproxime de zero até 2050, evidenciando a redução das atividades exploratórias.

A descoberta da BP é uma exceção em um cenário de estagnação, onde o número de poços perfurados caiu de 1.272 (1998-2012) para 345 (2012 até hoje). A paralisação de leilões e a crescente inércia do setor contrastam com o avanço de países como Guiana e Argentina.

O setor representa 17% do PIB industrial e é crucial para a balança comercial e segurança energética do Brasil. A Margem Equatorial é uma das últimas oportunidades geológicas, e ignorá-la pode ser um erro estratégico.

A descoberta da BP é um chamado à reavaliação das políticas de E&P, urgindo por um ambiente de negócios atrativo, leilões periódicos, marcos regulatórios claros e governança institucional sólida, para garantir investimentos e reposição de reservas no longo prazo.