O “Gold Standard Science” de Trump: Um Manual de Retrocesso e Controle
Decreto de Trump busca redefinir o que é ciência legítima nos EUA, amarrando financiamento à ideologia do governo. Especialistas alertam para o risco de censura e estagnação da pesquisa, reminiscentes de movimentos autoritários do passado.
Decreto de 23 de maio da presidência dos EUA, chamado “Restoring Gold Standard Science”, representa uma tentativa de Donald Trump de reescrever regras da ciência americana conforme suas convicções políticas.
Com uma linguagem de “rigor”, “transparência” e “reprodutibilidade”, o decreto pretende definir o que é ciência legítima nos EUA, vinculando o financiamento federal a suas novas diretrizes.
A justificativa apresentada é uma suposta “crise de confiança” na ciência, atribuída a fraudes e influências de “agendas políticas” como diversidade e inclusão. O texto cita exemplos enviesados como políticas de covid e cenários climáticos para criticar a integridade científica.
Analistas como Gretchen Goldman e Dan Hicks alertam que a proposta não visa fortalecer a ciência, mas sim centralizar o controle político sobre pesquisas, limitando o que pode ser financiado e publicado.
Goldman argumenta que se trata de um sistema de vigilância e censura institucionalizada, ignorando a natureza evolutiva do conhecimento científico. Hicks destaca que o decreto favorece apenas resultados que interessam politicamente ao governo.
A retórica do “rigor” oculta um controle ideológico, colocando em risco a autonomia das agências científicas e da comunidade de pesquisadores, o que pode resultar na estagnação do debate científico.
O decreto é comparado à Deutsche Physik dos anos 1930, que redefiniu a ciência alemã sob critérios ideológicos, resultando em desastres na física. Tal controle sobre ciência pode levar à corrosão da ideia de que fatos existem fora do controle estatal.
Em vez de restaurar a confiança científica, o decreto submete a ciência a uma nova forma de desconfiança estatal, criando um “padrão ouro” que é, na prática, uma armadilha de ferro: rígida, excludente e anticientífica.