O homem que denunciou o programa nuclear secreto de Israel há 40 anos e acabou sendo sequestrado pelo Mossad
Ex-funcionário de reator nuclear revela segredos sobre a potência atômica de Israel, resultando em sua prisão. Suas fotografias expuseram um programa militar maior do que se imaginava, criando um divisor de águas na política de não proliferação nuclear da região.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, afirmou que seu país desferiu um golpe no programa de armas do Irã após ataques preventivos na semana passada, destacando os objetivos da guerra iniciada por Israel.
O Irã alega que seu programa nuclear é pacífico, enquanto Israel o acusa de buscar armas nucleares. Apesar de não confirmar a posse de um arsenal nuclear, acredita-se que Israel possua armas nucleares devido às revelações de Mordechai Vanunu, ex-técnico nuclear que expôs as operações de Israel em 1986.
Vanunu trabalhou no reator nuclear de Dimona e, em 1985, furtou fotografias da instalação, mostrando equipamentos para a produção de armas. Ele contatou o jornal The Sunday Times, que publicou um artigo revelador sobre o arsenal nuclear de Israel em 5 de outubro de 1986.
Vanunu foi sequestrado pelo Mossad em Roma, após uma armadilha de sedução, e condenado a 18 anos de prisão por traição. Ele passou metade desse tempo em confinamento solitário e foi libertado em 2004, mas sua liberdade foi limitada e teve que enfrentar diversas prisões por violar as condições de soltura.
As informações de Vanunu revelaram que Israel, através de um acordo com a França, estabeleceu a usina de Dimona, que é supostamente usada para fabricar armas nucleares desde a década de 1960, embora oficialmente seja apresentada como uma fábrica têxtil.
Estimativas indicam que Israel possui cerca de 90 ogivas nucleares, mas mantém uma política de ambiguidade sobre seu arsenal nuclear, afirmando que "não será o primeiro a introduzir armas nucleares no Oriente Médio".
Vanunu é considerado um traidor em Israel, mas é celebrado por seus apoiadores como um herói da paz. Em sua primeira entrevista após a libertação, ele defendeu suas ações: "O que eu fiz foi informar o mundo sobre o que acontece em segredo".