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O medo e o funk

A discussão sobre a influência da música funk revela medos enraizados na sociedade e questiona a crença de que letras podem moldar comportamentos. A realidade do funk, longe do idealizado, reflete uma juventude que vive em contradições, entre a esperança e a violência.

Leitura Crítica sobre o Funk

Recentemente, discursos nas redes sociais têm sugerido que letras de funk funcionam como manual de conduta ética. Entretanto, a música não possui esse poder.

Se a letra de funk tivesse tanta influência, o Brasil seria mais feliz e menos conservador, visto que este estilo é o mais ouvido no país.

O que é o funk? É um gênero musical que expressa gozo, felicidade e consumo, principalmente da juventude negra que, na realidade, não vivencia essas condições.

A composição icônica “Rap da Felicidade” foi criada por Kátia Cileia e Julinho Rasta, ambos já falecidos. Kátia, que pedia tranquilidade na favela, teve uma morte brutal.

Apesar do funk ser um paraíso imaginário, sua letra é frequentemente acusada de apologia ao crime. A socióloga Tia DeNora sugere que a proibição da música reflete o medo de seu poder de transformação.

Alguns acreditam que a música pode influenciar comportamentos, gerando temor em relação a artistas como MC Poze, cujo encarceramento evidencia essa apreensão.

Embora o sexo seja tratado de forma desapegada nas letras, a vida real enfrenta questões sérias como o feminicídio, especialmente nas periferias.

É evidente que, mesmo ouvindo Racionais, ideias conservadoras predominam nas favelas, desafiando a noção de que a música possui um poder mágico.

Acreditar na influência da música é, na verdade, um sinal de medo das suas provocações. Ela atravessa barreiras políticas e une pessoas de diversas ideologias.

Em conclusão, reconhecer que a arte da favela gera medo de mudança é devolver à favela sua força. O racismo e a perseguição são inegáveis, mas ao discutir o medo, a favela é vista como um agente de transformação, não apenas uma vítima.

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