O momento paradoxal do governo Lula
Apesar de sinais de melhora na economia e redução da inflação, Lula enfrenta desafios políticos que ameaçam sua governabilidade. A combinação de crescimento econômico e apoio popular ainda é incerta, exigindo cautela na condução de seu terceiro mandato.
Governo Lula enfrenta momentos paradoxais: enquanto há derrotas políticas no Congresso, a economia mostra sinais de melhora, o que pode influenciar na popularidade presidencial.
O mandato atual de Lula é enigmático; mesmo com a atividade econômica em alta, a taxa de desemprego baixa e a renda real em crescimento, a desaprovação do presidente permanece elevada. A inflação, especialmente dos alimentos, é uma explicação constante.
Sinais animadores surgem: a expectativa de inflação caiu de 5,65% para 5,25% para 2025, com alguns analistas prevendo até 5%. A inflação de alimentos desacelerou para 0,17% em maio, diminuindo de 7,8% para 7,3% nos últimos 12 meses.
O real se valorizou, passando de R$ 6,2 para R$ 5,5 por dólar, o que tende a melhorar a popularidade presidencial. Esta valorização está ligada à desvalorização global do dólar e à política de tarifas de Trump, que beneficiaram o Brasil.
Porém, o desequilíbrio fiscal estrutural permanece como um desafio sem resolução. Esse aspecto afeta indicadores populares, como emprego e renda, mas não cria urgência imediata entre os eleitores.
O paradoxo entre governabilidade política e melhora econômica indica uma necessidade de paciência do governo. Pacotes de benefícios, como a isenção de IR até R$ 5 mil, podem ajudar a conquistar o eleitorado ao se aproximar das eleições.
Entretanto, Lula deve proceder com cautela, uma vez que fatores externos, como a imprevisibilidade de Trump e tensões geopolíticas, podem afetar a economia. A equipe econômica de Haddad e Galípolo deve ser protegida para evitar o populismo desestabilizador, sendo crucial para manter a estabilidade econômica até as eleições.
Publicada pelo Broadcast em 20/6/2025, por Fernando Dantas.