O mundo está ficando mais quente — e isso está afetando nossos cérebros
Mudanças climáticas agravam condições neurológicas em crianças e adultos, levando a um aumento nas convulsões e riscos de AVC. Especialistas alertam para a interconexão entre calor intenso e saúde cerebral, evidenciando a necessidade de proteção para os vulneráveis.
Jake, 13 anos, diagnosticado com a Síndrome de Dravet, teve sua primeira convulsão aos cinco meses, desencadeada por calor. As crises se repetem nas altas temperaturas, preocupando sua família.
A Síndrome de Dravet, que afeta cerca de 15 mil crianças, combina epilepsia com comorbidades como autismo e TDAH, sendo agravada por climas quentes.
Sanjay Sisodiya, neurologista, afirma que mudanças climáticas afetam condições neurológicas, como epilepsia e AVC, tornando crises mais frequentes e severas em ondas de calor.
Durante a onda de calor na Europa em 2023, 7% das mortes foram relacionados a problemas neurológicos. Em 2022, porcentagens semelhantes foram observadas no Reino Unido.
O calor extremo pode prejudicar funções cerebrais, incluindo a capacidade de tomar decisões e regular a temperatura corporal, impactando mais as pessoas com condições neurológicas.
Estudos revelam que a cada mil mortes por AVC, dias quentes podem contribuir para duas mortes adicionais, especialmente em países de baixa e média renda.
Além disso, ondas de calor estão associadas a aumentos de partos prematuros, elevando o risco de atrasos no desenvolvimento neurológico.
Tobias Suter alerta para o impacto do calor no cérebro, incluindo o aumento do risco de doenças neurodegenerativas e a expansão de mosquitos que transmitem vírus.
Cientistas continuam a investigar como o calor afeta o cérebro, ressaltando que fatores genéticos podem influenciar a vulnerabilidade.
Identificar os riscos é crucial para desenvolver estratégias de proteção em um mundo que enfrenta o aquecimento global, onde a temperatura máxima e a duração das ondas de calor têm um papel fundamental.
"A era do aquecimento global acabou, a era da ebulição global chegou", declarou António Guterres, enfatizando a necessidade de atenção crescente às mudanças climáticas.